Pandora sempre foi uma caixinha de surpresas. Desde pequena surpreendia a famiília com sua sagacidade e jeito imprevisível. Começou a ler antes de aprender na escola. No carro com a mãe, o jornal em cima do colo, soletrou uma palavra da manchete principal: PE-CA-DO. A mãe quase bateu o carro de susto... e orgulho. Mal sabia ela que há muito Pandora costumava segredar para si as palavras dos outdoors da cidade. Tinha só cinco anos.
Cresceu ouvindo que o sexo feminino deveria prezar a independência porque os homens não prestam. Com 16 anos e corpo de mulher começaram os estragos. Aos 22 - estagiária de uma empresa de comércio exterior -, de tailler moderninho e salto agulha, pisoteava corações masculinos. O figurino era recheado com um corpinho de 1.75 m e medidas 90-60-90. Aos 25, já contratada pela empresa de comércio exterior, as medidas mudaram. Ela não. A primeira e a última ganharam alguns ml de silicone: 96-60-102. Números não mais arredondados, em compensação o corpo sim. Este também ganhou mais adeptos.
Cercada de "homens vazios", como ela mesma dizia, fazia do jogo da sedução seu melhor passatempo. E o sofrimento dos pobres que se achavam pretendentes, sua melhor recompensa. Cultivava nos outros os pecados da luxúria e da ira. Controlava a avareza, a gula e a preguiça. Despertava a inveja feminina. Emanava soberba.
Aos 29, funcionária pública bem sucedida e residindo nos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas, perdeu a graça de viver. Sentia falta de um bração constante que a envolvesse na hora de dormir. Alguém do sexo oposto para lhe fazer carinho no domingo à noite. Pra brindar um cálice de vinho tinto num dia feliz. Pra brigar pela fatia de bolo mais recheada. Queria um filho.
Conheceu Matoso, nordestino da porra, funcionário público em estágio probatório. Bonitão, morenão, machão, diferente dos tipos modernos e sensíveis que tinha se acostumado. Ficou louca. Ele cultivou nela a luxúria, a ira, a gula e a preguiça. Ela passou a despertar a compaixão feminina quando deixou a soberba embrulhada na gaveta da escrivaninha do Matoso. Aos 32 casou, teve 3 filhos homens e emendou a licença maternidade com o trabalho doméstico.
Pandora descobriu-se Amélia...
cu!
ReplyDeleteo primeiro parágrafo... FODA!
vc esceveu isso? tirou essa idéia (massa) donde? me ensina.
será que um dia eu viro amélia?
ReplyDeleteVocê é muuuuuuuito inteligente...
ReplyDelete;)
Muito bom Pat, muito bom....
ReplyDeleteVoltarei sempre.;..... tem coisa muito bacana aqui no seu blog,... E acho que o destino de nós, jornalistas, é soltar as amarras do padrão careta que tentaram nos ensinar e acabar na comunicação não convencional,... Mais especificamente blogs,...
ReplyDeleteSem modéstia nenhuma, a gente é esperto demais pra esse jornalismo do dia a dia,...
Beijo
Minha prima, meu orgulhoo!!
ReplyDelete"amélia não tinha a menor vaidadeee; amélia q era mulher e verdade"..será???
Não quero ser nem uma Pandora nem amélia...hehehe! Um meio termo...Escreve um texto ai e da o nome da mulher de Tati quebra o Barracooo!!! hehehehe!
Amo-teeeeee!