Sunday, May 04, 2014

Não choramos a morte de nossos heróis, celebramos nossos bandidos.

Texto por: Thiago C.S.

Familiar sequestrado, amigos baleados e fisicamente limitados para o resto da vida, parentes de pessoas muito queridas e próximas a mim assaltadas e assassinadas ao sair da igreja ou ao abrir a loja onde trabalhavam. Mudei-me do Recife em 2005 e um dos principais motivos que me faziam querer deixar a cidade era não aguentar ver o quanto a violência estava próxima de mim.

Lembrei disso hoje, ao ficar sabendo que um colega de trabalho meu, pessoa digna e do mais alto padrão moral, foi, junto com a esposa e família, vítima, no mesmo dia!, de dois crimes violentos ontem, aqui em Brasília (em Águas Claras para ser mais exato). No primeiro, ele, que acabava de chegar de lua de mel, teve todos seus pertences roubados por dois homens armados de idade entre 35 e 45 anos. Carro, celular e até a roupa que os recém casados usaram na viagem e estavam levando para a lavanderia foi roubada. No segundo, que não teve qualquer relação com o primeiro, ele e a família foram amarrados e feitos de reféns por bandidos que invadiram a casa do pai dele (aparentemente eram 4 menores de idade), levaram muita coisa que estava na casa e os presentes de casamento que estavam no carro do cunhado (que também levaram). Chegaram até a bater no pai dele.

Fatos como esses são mais do que suficientes para deixar qualquer um chocado. Mas esse sentimento é exacerbado ao ver como os valores de nossa sociedade estão invertidos. Vítimas de crimes bárbaros são vistos como os verdadeiros culpados da brutalidade que sofreram, enquanto seus algozes são tratados como vítimas da sociedade. É deprimente.

No mundo inteiro, mas mais especialmente no Brasil, vivemos uma época de glorificação de bandidos. Estupradores, assassinos e assaltantes são tratados como coitados, vítimas da sociedade (ah, o mal que Rousseau e sua filosofia estúpida fizeram à civilização ocidental!) ou como heróis revolucionários que combatem as elites ricas e opressoras. Políticos corruptos, condenados por tentarem dar um golpe na República, são saudados por comparsas e marionetes sem vontade própria como “guerreiros do povo brasileiro”. Enquanto isso, amigos, eu, vocês e milhões de outras pessoas que trabalham, pagam impostos e observam as leis, sofrem com a violência perpetrada por marginais e são achincalhados, chamados desde “coxinhas” a “Reacionários Nazi-Fascistas” (vão estudar! Como bem lembrou Flávio Morgenstern: “os ‘reacionários’ eram cantados como alvo de ódio pelos hinos dos dois maiores totalitarismos da história mundial, a Internacional Socialista e o hino nazista, a Canção de Horst-Wessel”).

Cinquenta mil (50.000!!) brasileiros assassinados por ano, milhares de pobres honestos que vivem em favelas são mortos por bandidos vinculados ao tráfico e é preciso que morra um amigo de um traficante para se iniciar uma campanha contra assassinatos? E pior: uma campanha que alveja, principalmente, não o tráfico e a bandidagem, mas... a polícia! Como se a grande maioria dos policiais federais, civis e militares não fosse honesta, trabalhadora e também não tivesse ódio dos bandidos infiltrados entre eles e que desonram a farda que vestem! Os nossos policiais honestos, que morrem como moscas, não merecem nosso luto? Onde estava essa indignação toda quando a menina Ana Clara, pobre e filha de trabalhadores, foi queimada viva por bandidos?! Qual a morte mais chocante, mais simbólica da barbárie em que vivemos? Os outros milhares de assassinados não merecem também um brado de revolta e a homenagem de um programa global?

Milhões de brasileiros pobres vivem em favelas. E quase a totalidade deles fez a opção moral de, apesar de todas as dificuldades que enfrentam, serem honestos e trabalhadores. Essas pessoas são humilhadas todas as vezes que um Leonardo Sakamoto da vida ou algum dos seus seguidores propagam a ideia que os vizinhos deles que abraçaram o crime e que os aterrorizam diariamente são inocentes. Pessoas como Sakamoto, que difundem essas mensagens abomináveis, são mais do que ignorantes: são cúmplices dos crimes bárbaros a que pessoas honestas são submetidas todos os dias no Brasil e do silêncio retumbante a seu respeito. O Brasil não chora a morte de seus heróis, celebra seus bandidos.

E ainda temos que aguentar essa gente propagandeando o diagnóstico de que a violência toda que vivemos é fruto da desigualdade gerada pelo modo de produção capitalista (que eles não tem a mais vaga ideia do que significa). De novo: Vão estudar! Os países do mundo em que há maior ascensão social são justamente os que possuem as economias mais livres e abertas (deem uma olhada nas dezenas de estudos disponibilizados pelo Fraser Institute ou pela Heritage Foundation, ou leiam pelo menos um único capítulo de qualquer um das dezenas de livros do Thomas Sowell). Façam o mesmo estudo para os países mais violentos e miseráveis do mundo: vão encontrar governos totalitários em que a maior parte dos meios de produção está na mão do Estado. Toda vez que recebo uma foto de menininhos africanos desnutridos com uma legenda criticando o capitalismo, tenho a certeza que a pessoa que a enviou não tem a menor ideia do que está falando.

O Brasil ainda tem milhões de pobres porque possui uma das economias menos livres do planeta e um estado gigante, ineficiente e cuja menor e última preocupação é atuar exatamente nos aspectos de nossas vidas em que é mais necessário: na imposição da Lei e na defesa das liberdades individuais. O Brasil é violento e corrupto porque as leis não são cumpridas; porque criminosos raramente são punidos; porque opções morais asquerosas são vistas como atos revolucionários; porque um pobre que decide ser honesto e trabalhador é tido como otário e quando consegue ascender socialmente é imediatamente alçado à condição de traidor, um novo burguês da “classe média fascista”; porque um pobre que decide abraçar o crime e perpetrar o terror é saudado como um guerrilheiro; porque uma pessoa rica e honesta é considerada um explorador que merece ser roubado e agredido, mesmo que tenha conseguido tudo que tem graças ao seu próprio trabalho.