Estava dormindo. No sonho, uma voz masculina declamava uma poesia com uma música ao fundo. Abri os olhos, ainda semicerrados, reconheci Oswaldo Montenegro na tela da TV, violão e microfone, voz doce e olhos fechados, dizendo: "E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade também". Levantei repetindo a frase na cabeça. Google: "E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade também". Eis o poema na íntegra:
"Que a força do medo que eu tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe, seja linda, ainda que triste...
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade .
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo, se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto, um doce sorriso, que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia, e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.Porque metade de mim é amor, e a outra metade... também..."
Depois de conhecer a música da bailarina na voz dele, Oswaldo Montenegro me encantou mais uma vez, dez anos depois...
1 comment:
é mais uma daqueles textos indecentes que eu digo e repito: eu queria ter escritooooo!
me traduz. por isso emociona.
te amo, branquela...
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