Texto por: Thiago C.S.
Familiar sequestrado, amigos
baleados e fisicamente limitados para o resto da vida, parentes de pessoas
muito queridas e próximas a mim assaltadas e assassinadas ao sair da igreja ou
ao abrir a loja onde trabalhavam. Mudei-me do Recife em 2005 e um dos
principais motivos que me faziam querer deixar a cidade era não aguentar ver o
quanto a violência estava próxima de mim.
Lembrei disso hoje, ao ficar
sabendo que um colega de trabalho meu, pessoa digna e do mais alto padrão
moral, foi, junto com a esposa e família, vítima, no mesmo dia!, de dois crimes
violentos ontem, aqui em Brasília (em Águas Claras para ser mais exato). No
primeiro, ele, que acabava de chegar de lua de mel, teve todos seus pertences
roubados por dois homens armados de idade entre 35 e 45 anos. Carro, celular e
até a roupa que os recém casados usaram na viagem e estavam levando para a
lavanderia foi roubada. No segundo, que não teve qualquer relação com o
primeiro, ele e a família foram amarrados e feitos de reféns por bandidos que
invadiram a casa do pai dele (aparentemente eram 4 menores de idade), levaram
muita coisa que estava na casa e os presentes de casamento que estavam no carro
do cunhado (que também levaram). Chegaram até a bater no pai dele.
Fatos como esses são mais do que
suficientes para deixar qualquer um chocado. Mas esse sentimento é exacerbado
ao ver como os valores de nossa sociedade estão invertidos. Vítimas de crimes
bárbaros são vistos como os verdadeiros culpados da brutalidade que sofreram,
enquanto seus algozes são tratados como vítimas da sociedade. É deprimente.
No mundo inteiro, mas mais
especialmente no Brasil, vivemos uma época de glorificação de bandidos. Estupradores,
assassinos e assaltantes são tratados como coitados, vítimas da sociedade (ah,
o mal que Rousseau e sua filosofia estúpida fizeram à civilização ocidental!)
ou como heróis revolucionários que combatem as elites ricas e opressoras.
Políticos corruptos, condenados por tentarem dar um golpe na República, são
saudados por comparsas e marionetes sem vontade própria como “guerreiros do
povo brasileiro”. Enquanto isso, amigos, eu, vocês e milhões de outras pessoas
que trabalham, pagam impostos e observam as leis, sofrem com a violência
perpetrada por marginais e são achincalhados, chamados desde “coxinhas” a “Reacionários
Nazi-Fascistas” (vão estudar! Como bem lembrou Flávio Morgenstern: “os ‘reacionários’ eram cantados como alvo
de ódio pelos hinos dos dois maiores totalitarismos da história mundial, a
Internacional Socialista e o hino nazista, a Canção de Horst-Wessel”).
Cinquenta mil (50.000!!)
brasileiros assassinados por ano, milhares de pobres honestos que vivem em
favelas são mortos por bandidos vinculados ao tráfico e é preciso que morra um
amigo de um traficante para se iniciar uma campanha contra assassinatos? E pior:
uma campanha que alveja, principalmente, não o tráfico e a bandidagem, mas... a
polícia! Como se a grande maioria dos policiais federais, civis e militares não
fosse honesta, trabalhadora e também não tivesse ódio dos bandidos infiltrados
entre eles e que desonram a farda que vestem! Os nossos policiais honestos, que morrem como moscas, não merecem nosso luto?
Onde estava essa indignação toda quando a menina Ana Clara, pobre e filha de
trabalhadores, foi queimada viva por bandidos?! Qual a morte mais chocante, mais simbólica da
barbárie em que vivemos? Os outros milhares de assassinados não merecem também
um brado de revolta e a homenagem de um programa global?
Milhões de brasileiros pobres
vivem em favelas. E quase a totalidade deles fez a opção moral de, apesar de
todas as dificuldades que enfrentam, serem honestos e trabalhadores. Essas pessoas
são humilhadas todas as vezes que um Leonardo Sakamoto da vida ou algum dos
seus seguidores propagam a ideia que os vizinhos deles que abraçaram o crime e
que os aterrorizam diariamente são inocentes. Pessoas como Sakamoto, que difundem
essas mensagens abomináveis, são mais do que ignorantes: são cúmplices dos
crimes bárbaros a que pessoas honestas são submetidas todos os dias no Brasil e
do silêncio retumbante a seu respeito. O Brasil não chora a morte de seus heróis,
celebra seus bandidos.
E ainda temos que aguentar essa
gente propagandeando o diagnóstico de que a violência toda que vivemos é
fruto da desigualdade gerada pelo modo de produção capitalista (que eles não
tem a mais vaga ideia do que significa). De novo: Vão estudar! Os países
do mundo em que há maior ascensão social são justamente os que possuem as
economias mais livres e abertas (deem uma olhada nas dezenas de estudos
disponibilizados pelo Fraser Institute ou pela Heritage Foundation, ou leiam pelo menos um único capítulo de qualquer um das
dezenas de livros do Thomas Sowell).
Façam o mesmo estudo para os países mais violentos e miseráveis do mundo: vão encontrar
governos totalitários em que a maior parte dos meios de produção está na mão do
Estado. Toda vez que recebo uma foto de menininhos africanos desnutridos com
uma legenda criticando o capitalismo, tenho a certeza que a pessoa que a enviou
não tem a menor ideia do que está falando.
O Brasil ainda tem milhões de
pobres porque possui uma das economias menos livres do planeta e um estado
gigante, ineficiente e cuja menor e última preocupação é atuar exatamente nos
aspectos de nossas vidas em que é mais necessário: na imposição da Lei e na
defesa das liberdades individuais. O Brasil é violento e corrupto porque as
leis não são cumpridas; porque criminosos raramente são punidos; porque opções
morais asquerosas são vistas como atos revolucionários; porque um pobre que
decide ser honesto e trabalhador é tido como otário e quando consegue ascender
socialmente é imediatamente alçado à condição de traidor, um novo burguês da “classe média fascista”; porque um pobre que
decide abraçar o crime e perpetrar o terror é saudado como um guerrilheiro;
porque uma pessoa rica e honesta é considerada um explorador que merece ser
roubado e agredido, mesmo que tenha conseguido tudo que tem graças ao seu
próprio trabalho.