Wednesday, May 31, 2006

Da heresia

Vi essa citação no blog da Maria, ex-colega de trabalho do Jornal MARCO, o Jornal:
"O erotismo salvará o mundo. Os homens aprenderão a espiritualizar a carne e a transformar em prece todos os seus desejos inconfessáveis. Deus permitiu que houvesse a pele sedosa e o lábio ardente e o seio macio e o dorso luminoso. A carícia do corpo humano vai, um dia, torná-lo divino"
Na seqüência cabe Martha Medeiros:
"Minha boca é pouca pro desejo que anda à solta"
"Mesmo tendo juízo não faço tudo certo
todo paraíso precisa de um pouco de inferno"
E por fim...
Se escrito por mim, o sexto mandamento ordenaria: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, o declararia sacro.

Tuesday, May 30, 2006

Do filme

Há muito tempo não chorava vendo um filme. Chorei assistindo Crash. Chorei por mim, chorei pelas pessoas. "Celebrei" nossa hipocrisia e "louvei" o preconceito. Desabei pelos bons,
como aquele careca tatuado com cara de mau tão humano...
o negro que desembrulhou da mão um santo...
A menininha que tentou proteger o pai...
A empregada dedicada...
Crash desabou meu mundo. Seria bom construir outro. Outro só de carecas tatuados com cara de mau, de negros devotos a São Cristovão, de menininhas e de empregadas...
"A ciência sabe como levar o homem à lua, mas não sabe como fazê-lo amar" (Rubem Alves)

Monday, May 29, 2006

Do Vexame

Foi no início deste mês. Por razões orkutianas estava chateada. Chateada não. Puta.
Quel, então, me chamou para uma festinha. "O Bê vai tocar para uns amigos. Bora?" Não tinha dinheiro nem para comprar um cigarro picado. Mas animei. "Não tem que pagar nada não, né?". "Não, pô. Uma festinha de amigos". Achei que ele ia tocar para poucos no quintal da casa de alguém. Vesti calça jeans, camiseta básica e coloquei um salto, claro. Salto não. Saltão.
No entanto, Bê, que conhece até o papa Bento XVI, nos leva para um estúdio de um fotógrafo chiquetésimo. O local tinha se transformado em boate para a ocasião. Na porta, dois seguranças grandalhões. Lá dentro, fumaça, música, luzes coloridas e muita gente. Que nem balada mesmo. Fiquei chocada. O clima festeiro me contagiou. "Pô, Quel... A gente devia ter trazido um dinheirinho..." "Putz! Eu também não trouxe nada". Foi quando eu vi uns garçons passando ao nosso lado com uma jarra reluzente. "Quel, pô! Tem uns garçons passando com cerveja. Será que a gente pode pegar?". "Eita pô! Pergunta, meu"
- Moço... Como é o esquema? A gente paga aonde pela cerveja?
-Precisa pagar nada não, moça. Agora, se quiser, pode dar uma gorjeta pro garçom!
"Quel, Quel!!! É de graça!!! Meu irmão, doido! Bê é o futuro!", comemorei, com os olhinhos brilhando, toda serelepe. O garçom ficou dando risada.
Com sorrisão no rosto, segui festa adentro. Encontrei gente conhecida. Conheci gente nova. Inclusive conheci o dono da empresa que atrasava meu pagamento no último emprego. Mas era tudo festa. Depois do sermão, até rimos juntos. A música tava boa. Vai e vem de jarras reluzentes e logo precisei ir ao banheiro. Só tinha um e a fila estava gigante. Passaram uns 5 minutos e eu ainda estava no mesmo lugar. Puxei assunto com um menino de dread atrás de mim:
- Não entendo como as pessoas demoram tanto no banheiro. Eu sou tão rápida. Sorte sua que está atrás de mim.
O menino concordou comigo. E, de fato, sempre me vanglorio nesse assunto mesmo. E, não raro, quando saio do banheiro, a pessoa com quem eu dou de cara na porta me agradece com uma cara sofrida: "Poxa, valeu! Você foi tão rápida...." E o menino de dread comprovou. Faltou só me reverenciar.
Mas lá pela quarta vez que fui ao banheiro, não falei com ninguém. Só entrei, me achando, sabendo que os outros da fila não iam ter do que reclamar. Mal dei uma olhadinha no espelho, começaram a bater na porta insistentemente. Meu sangue ferveu. Pernambucana, escorpiana, depois de algumas cervejas e atormententada psicologicamente com recados virtuais do mundinho azul do orkut... Isso não podia dar certo. E as batidas continuaram. Aqueles toc tocs estavam dilacerando o meu brio. Imaginem a cena...
Abri a porta do banheiro com muita raiva e gritei:
- Quem foi?????????????
Vi que o próximo da fila era o Gabriel, um conhecido da PUC. Sabia que não podia ter sido ele, isso era coisa de mulher! E, diante do meu transtorno, ele dedurou. Apontou para uma menina miúda de cabelo amarrado. Me armei em cima do meu salto plataforma de 15 centímetros:
- Qualé, minha filha?
- Eu tô apertada, uai!
-Então agacha e faz aí...
Quando olhei para a fila, estava Quel. Plácida, mansa, perguntou: "Que foi"? "Eu demorei, Quel? Eu demorei no banheiro"?, repliquei esbaforida. "Eu não sei. Cheguei aqui agora". À medida que contava o ocorrido, sentia meu rosto esquentar. Quando meu sangue atingiu o ponto de ebulição, murmurei cerrando os dentes: "Ela vai ver..."
Na vez da menina, corri e comecei a esmurrar a porta do banheiro. "Pára, pára, a menina nem vai ligar", tentava Quel. Vendo que palavras não adiantavam, a dócil Quel me agarrou por trás e, literalmente, me deixou de mãos atadas. Ainda deu tempo de dar um bicudo na porta...
Uma foto seria mais indicada, já que estávamos em um estúdio fotográfico, mas a marca preta da sola da minha sandália plataforma deixou o momento registrado na porta do banheiro.

Sunday, May 28, 2006

Do artista

Fui fazer uma matéria para a revista Sagarana (www.revistasagarana.com.br) com um artista plástico mineiro renomadíssimo. Já tinha percebido um tom de desgosto quando conversei com ele ao telefone. Fiz uma pesquisa prévia antes de entrevistá-lo, claro. Prêmios, inúmeras exposições no Brasil e exterior e elogios da crítica foram o que encontrei. Achei que ele tinha motivos para ser feliz.
Cheguei no seu casarão imponente. Um lugar lindo, quieto, espaçoso, emoldurado por montanhas. Deve ser muito bom pintar num lugar como aquele. Vários cachorros deixavam o ambiente menos solitário. O homem que eu acreditava ser feliz trazia um ar de consternação. Abriu o portão com uma cara enfezada, o cabelo despenteado e a camisa suja de tinta. Foi hostil logo de cara. Reclamou do horário e se recusou a tirar fotos para a matéria. "Detesto dar entrevista ainda mais a essa hora da manhã. E não vou posar para foto porque vai parecer coluna social". Parecia até que tínhamos chegado de surpresa, mas tinha marcado dia e hora, diretamente com ele, com antecedência. Fiquei meio sem reação, contrariada, mas tinha um quê de simpatia por ele que vinha não sei de onde.
Ele andava de um lado para o outro. Sentava e levantava. Apagava um cigarro e logo acendia outro. Falava rápido, misturava os assuntos e eu mal conseguia anotar. Minha linha de raciocínio ficou torta. Então parti para a solidariedade típica dos fumantes. "Posso acender um cigarro também?". Ele foi carismático, respondendo afirmativamente com veemência. A partir daí começamos a nos entender.
Falamos da sua vida pessoal, profissional, dos seus gostos, crenças e desilusões. Ele confessou estar deprimido com a situação do país e com os valores do homem contemporâneo. Reclamou, reclamou, reclamou de tudo. Mas, no fim, entendi que ganha dinheiro com o que gosta. Ele cultiva o isolamento para produzir melhor. Mas também nem gosta de badalações. Um homem só que deixa só o seu nome correr por aí.
Antes de eu ir embora, ele me deu um livrinho sobre a sua vida para enriquecer a matéria. E ainda se deixou fotografar.
Não tive raiva. Tive vontade de pegar no colo.
Rendeu uma bela matéria...

Sunday, May 21, 2006

Da Vinci

Fui assistir ao filme "Da Vinci" logo na estréia. Estava animada. Pensei que um livro eletrizante daria, no mínimo, um filme interessante. Ledo engano. Durante a exibição, eu falava ou pensava "uêr" a cada intervalo de 10 segundos. O filme é super, hiper, mega, blaster ruim! Tom Hanks, com aquele cabelo lambido, incorporou um abestalhado e descabido Robert Langdon. Sophie não parecia Sophie. Não como eu imaginava: mulher encorpada, cabelos lisos e pesados até os ombros, pele branca e olhos claros. Não lembro se no livro é feita a descrição da protagonista. Mas eu nunca leio as descrições dos personagens com atenção. Prefiro imaginá-los do meu jeito. Aliás, fico frustrada quando já dei cara ao meu personagem e depois aparece uma narração "deturpada" do seu tipo.
Mas voltando ao filme, ele é antes de tudo CHATO! Monótono. Um saco. As cenas de ação são as mais "uêrs" da galáxia. Saltaram das páginas do livro e ganharam ares hollywoodianos nas telas: carro em marcha ré, alta velocidade, passa entre dois veículos, por uma frestinha onde até uma pulga tiraria fino. Aff! Por um momento achei que estava na sala errada diante de "Missão Impossível".
Resultado do filme: perdi 12 reais, perdi 3 horas e ingeri umas 2000 calorias devorando, impaciente, um saco grande de pipoca amanteigada e meio litro de coca-cola nada light. Minto. Quel perdeu 24 reais. Ela pagou para mim. Bichinha. Ou seja, saímos do cinema gordas, pobres e decepcionadas.
No entanto, vale salientar que sempre que um filme é produzido baseado em um livro, a maioria A-DO-RA exclamar: "o livro é muito melhor". Para mim isso é clichê. Não gosto desse exalçamento da literatura em detrimento do cinema. Mas no caso de "Da Vinci" me rendo ao lugar-comum. Ali, uma página vale mais do que mil imagens.

Thursday, May 18, 2006

De mim e de Martha

"sou uma mulher madura
que às vezes anda de balanço

sou uma criança insegura
que às vezes usa salto alto

sou uma mulher que balança
sou uma criança que atura"
(Martha Medeiros)
Por enquanto, mais um pouquinho de Martha Medeiros. Deixo para escrever meus textos mais tarde. Minha cabeça, olhos, ouvidos e dedos estarão ocupados, por um tempo, com pautas de outro segmento. Como é boa e inquieta a sensação de se vestir de jornalismo de novo!
Inquietude boa essa de jornalistar...

Monday, May 15, 2006

Da Martha

"não deixo pistas nem marcas de mordidas
ficam sempre escondidas
as provas da inocência"

(Martha Medeiros)

Sunday, May 14, 2006

Da saudade

(...) "A saudade é um buraco na alma que se abriu quando um pedaço nos foi arrancado. No buraco da saudade mora a memória daquilo que amamos: presença de uma ausência". (Rubem Alves)
Fui diagnosticada com sintoma de buraco na alma. Hoje a saudade veio rasgando...

Saturday, May 13, 2006

Do assassínio

**Mãe, você dá um livro de crônicas. No Dia das Mães do ano que vem ele deve estar pronto!**
Estava no quarto dormindo. Acordei com "Anunciação", versão para celular. É o toque do telefone da minha mãe. Do outro lado da linha, meu padrinho Tio Caé. Despertei com o volume de 2 milhões de decibéis da conversa (quem conhece minha mãe sabe do que estou falando). De repente... Ugh! Dorzinha na alma:

- Ah, Caé! Eu sigo aquele poema do Quintana: "Tudo aquilo que estorva minha passagem, passará. Eu passarinho".

Antes que Mário Quintana se revire (mais) na tumba, retifico: "Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão... eu passarinho!"

E essa não foi a única vez que ouvi meus poemas preferidos serem adaptados por mainha. Outro dia, eu estava no quarto, sentada na cama, lendo um livro apoiado no meu colo. Foi inevitável levantar, desconfiada, uma das sobrancelhas ao escutar minha mãe ao telefone com tia Ângela:

- A Pati me mostrou uma poesia linda do Quintana. Eu até decorei...

E ela começou a assassinar "Parece um sonho...". O poema é um pouco grande, não lembro os detalhes do homicídio literário. Lembro que levantei a cabeça e comecei a ouvir com um sorriso no canto da boca, pensando "Só mainha mermu". Procurei o livrinho de bolso do Quintana e abri na página 88. Levei até a sala.

- Tá aqui o poema, mãe.
- Ah, Ângela! A Pati trouxe pra mim. Vou começar de novo.

Voltei para o quarto e sentei, prestando atenção. Senti minha alma sendo costurada.

Friday, May 12, 2006

Do Tas

"Greve de fome não é coisa para Garotinho

É para gente Gandhi"

http://marcelotas.blog.uol.com.br/

Thursday, May 11, 2006

Da mainha

Quando penso nesse volume incessante de informação dos nossos dias, sempre lembro da minha mãe. Ela lê pilhas de livro do seu gosto e assiste filmes de arte. Mas nunca vê um noticiário. Nunca compra uma folha de jornal. Só coleta os dos vizinhos pra forrar o banheiro do Pimpo (meu cachorro, para quem não sabe). Mas às vezes, quando um assunto é relevante e começa a fazer parte das conversas do povo, acaba que ela fica sabendo. Como quando estourou aquele escândalo sobre o esquema daquele juiz Nicolau. Depois de semanas em pauta, minha mãe chega em casa e pergunta:

- Pati, quem é esse “Lalau” ?

Era, de fato, impressionante um brasileiro que não soubesse quem era o Lalau depois de tantas manchetes.

Agora foi a vez do petróleo da Bolívia.

- Privatizaram o petróleo da Bolívia?!
-Não, mãe. Nacionalizaram.
P R I - V A - T I -Z A -R A M! Foi assim que eu ouvi - Insistiu ela, sílaba por sílaba, se achando.

Whatever. Ela gosta mesmo é de poesia.

Do palhacinho

Garotinho fazendo greve de fome? Que democrático! Agora sim ele está de acordo com a maioria do povo (dos garotinhos e garotões)...

Garotinho em pauta, lembrei de uma frase dele que me fez gargalhar. Ridicularidades a parte, a retórica do Garotinho inspira boas risadas. Li a tal “máxima” no jornal e nunca mais esqueci. Foi durante a última campanha eleitoral, época em que o caderno de política mais parece caderno de piada. Estava dentro do ônibus, indo para a faculdade e, como de costume, ia lendo as notícias no caminho. Preto no branco, Garotinho atacava o também então candidato à presidência José Serra. Referia-se ao fato de Serra não ter conseguido controlar a epidemia de dengue quando era Ministro da Saúde. E arrebatou:

“Ele não conseguiu nem derrotar um mosquito, quanto mais um garotinho...”

Gargalhadas no ônibus.

Wednesday, May 10, 2006

Do diálogo

Esta semana minha irmã foi testemunha de um diálogo, no mínimo, cômico.
Durante a aula, no curso de publicidade, o professor mencionou o “Blog do Tas”, que é do diretor, apresentador e roteirista Marcelo Tas.
Enquanto isso, no fundo do sala:

- Quem é esse Tas? – perguntou um menino para a colega da carteira ao lado
- É aquele bichinho que faz Vrrrrrrrrrrrrrrr (e a menina começou a rodopiar o dedo indicador fazendo alusão ao movimento frenético do Tazmania). Sim, pessoas. Ela estava falando do Taz, aquele bicho doido do desenho animado.
- Ele tem blog? – perguntou o menino incrédulo
- Deve ter. Hoje todo mundo tem...


Fiquei bege.

Falando no Tas, o texto de hoje merece destaque. Pequeno e inteligente.

"A sanguessuga é um anelídeo da sub-classe Hirudínea. São animais hermafroditas, ou seja, fazem sexo consigo mesmas. Não precisam de ninguém para se satisfazer. Resolvem tudo sozinhas. Possuem ventosas para grudar e chupar o sangue de animais mortos ou quase mortos. Como os usuários do sistema público de saúde brasileiro.

Se alimentam de ambulâncias não contabilizadas"

Fica minha sugestão: http://marcelotas.blog.uol.com.br/

Dos animais

1.

E Pimpinho, cachorrinho treloso, continua fazendo mágica. Transformando rotina em alegria. Há dez anos, todos os dias. Pirlimpimpinho!!!

2.

"Era uma vez duas pulguinhas que economizaram a vida inteira e compraram um cachorrinho só para elas" (Mário Quintana)
3.

"Era uma vez um gato chinês
que me chamou para comer um frango
xadrez
no boteco onde ele era freguês

e eu, como gata vadia
topei porque sempre podia
e fiz dele meu prato do dia"
(Martha Medeiros)

Do significado

Resolvi me aventurar na leitura de "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Mas antes de chegar ao livro em si, preciso ler dois calhamaços que são roteiros de leitura da obra. Estou quase na metade do mais fino. A linguagem rebuscada do início do século me fez chegar à triste conclusão de que vou precisar de, no mínimo, duas vidas para ler e entender "Os Sertões". Mas um dos termos usados neste marco da literatura me chamou atenção. Descrevendo os sertanejos, Euclides se refere a eles como tabaréis. Que surpresa!

[...] "e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias".

Achei uma afronta deste célebre escritor. Na minha terra (Recife), tabaréu é uma palavra recorrente. Um xingamento. Significa que o acusado é um idiota, retardado. Mas mesmo sabendo disso por experiência, corri para o dicionário a procura do significado oficial. Lá estava: Tabaréu (fem. Tabaroa) - Caipira. Ufa! Euclides não pegou pesado. Nós recifenses que pegamos, aliás. O que é caipira virou sinônimo de imbecil. Isso sim, uma verdadeira afronta.

Mas, entre meus amigos, tabaréu virou palavra carinhosa . É engraçado ouvir o termo aqui em Belo Horizonte. Só pode ser algum deles. Um dia, descendo a Guajajaras, ouvi um estridente TABARÉÉÉÚ!!! Procurei logo por um rosto conhecido. Era o Klaus com a cabeça para fora de um táxi acenando pela rua Rio de Janeiro. Sorriso feliz o meu em seguida.

E engraçado que, um pouco antes de ler a palavra "Tabaréu" pelas mãos de Euclides da Cunha, tinha me dado conta de que Tabaréu rima com Izabel (minha amiga fujona). E pensei em deixar para depois a execução de um jogo de palavras com a igualdade de sons. Mas, como vimos, o feminino de tabaréu é tabarôa. Izabel é, portanto, Tabaroa. Que rima com coisa boa...

Tuesday, May 09, 2006

Da embriaguez

"quando bebo além da conta
minha língua fica esperta e meus olhos
brilham mais
quem me dera todo dia essa alegria de taberna"

Martha Medeiros

Monday, May 08, 2006

Do título

O título do blog é resultado da minha veneração pela escritora gaúcha Martha Medeiros. Surrupiei este título de uma de suas crônicas, uma das minhas preferidas. Neste texto ela conta que estava perdida, dirigindo em um bairro onde nunca tinha colocado os pés. Quando o sinal fechou, ela parou atrás de um caminhão em cujo pára-choque estava escrito: "Não me siga que eu também estou perdido".A partir daí, ela filosofa sobre outro tipo de perdição. Um tipo que não pertence apenas aos desnorteados, providos de idiotice espacial como eu. Neste caso, "somos mais do que um. Somos muitos. Somos todos".

"Para que lado eu dobro se quiser sair deste engarrafamento de emoções, se quiser ter um relacionamento único e estável, um amor que me resgate dos arranques e das freadas súbitas deste meu coração mal-regulado? Subo a ladeira ou viro à esquerda? No topo da ladeira tem uma surpresa, no caminho à esquerda tem paixões e tudo o que elas acarretam de bom e de torturante na alma da gente, e aqui onde estou tenho segurança, mas estou estacionado, e estacionado eu não ando, eu não corro, eu não vivo, o que é que eu faço, que direção eu pego?
Você aí, saindo da padaria, pode me dizer pra que lado fica a juventude eterna?
Com licença, o senhor poderia me indicar o caminho mais rápido para a felicidade?Garoto, chega aí, você já ouviu falar em paz de espírito? Eu estou perto ou longe?"
E...

"Pé no acelerador e sorte, caríssimos. Não sigam ninguém, que estão todos à procura também".
É isso. Salve Martha.