Monday, May 18, 2009

Do luto*



Como alguém pode deixar a gente tão destroçado? Que poder é esse que as pessoas têm sobre nós? Quando um relacionamento termina contra a nossa vontade, perdemos o chão e o teto desaba. A vontade nossa, é de nada. Lutamos contra o querer, executando alguém que se fez parte de nós. E o outro vai morrendo dentro da gente por escolha dele. As emoções viram ao avesso quando a ordem racional é desamar, amando. Culpa da perda compulsória. Da saudade insuportável e involuntária de não poder saber de quem se ama, saudade que dói mais.

A legislação trabalhista devia levar isso em conta. Além das licenças a que se tem direito, deveria existir a do período de reestabelecimento sentimental. Seria, por lei, o luto de amor. Uma licença para sofrer um pouco em paz...

*Dedico este texto a você, ainda de luto. Pessoa linda com fonte inesgotável de força. Menina tão avassaladora que nem cabe dentro dela: irradia vida pra mim, pra gente. Mulher que não se economiza, se gasta. Por isso sei que ela continua a lutar e a amar. Ela continua a continuar...
Não preciso dizer que te amo, minha amiga.  



23 comments:

Arthur Alves said...

Se eu tive decepções amorosas?
Não, nunca tive...
Só o amor que a mim foi dado não era eterno o suficiente, e não suportou àquele dia de inverno. Mas não se foi, apenas vaga por aí...

(Nossa, depois que concluí meu livro de poesias nunca mais me senti inspirado à fazer algo, teu texto acaba de me inspirar... Obrigado)

Abraços

Karine Porpino Viana said...

Segundo os psicanalistas, o luto é um processo em que a gente precisa introjetar o "objeto" de amor como um "objeto" perdido. E o mundo devia entender que essa introjeçao é lenta, dolorosa e requer, sim, alguns meses de licença...É uma licença pra sofrer um pouco em paz...lembrei da cronica de Martha, "Tristeza permitida".

Mas que bom que os amigos tornam esse período de elaboraçao mais curto e menos doloroso.

Massa o post. AMO!

Milton said...

No hay amores ni muertes. Ni lenguas, ni futuros. Los amores se mueren siempre de muerte natural.

X said...

Querida, concordo contigo, se eu fosse legislador o projeto de lei estava aprovado! E esse luto é tão bem descrito 'numa música da Anna Carolina que diz assim...

" Acabou, agora ta tudo acabado, seu vestido estampado, dei a quem pudesse servir, agora que eu não posso mais caber em ti...o maor que eu tinha não é o mesmo que eu vi acabar, o amor só mudou de cor... agora já tá desbotado, veja lá vem a tristeza atirando pra todos os lados!"

É difícil demais se sentir assim...

Branca said...

Sabina, entendo exatamente o que está sentindo. A ausencia presente de alguem que de repente somos forçadas a arrancar de dentro de nós. Deixa um buraco que dói como se fosse ferida aberta.

bjos

RAFAEL P.S said...

Parabens com sempre vc ta otima falou mesmo beijos

JC said...

Particularmente gosto do estilo "eufemístico" de escrever. Consiste em dizer exatamente o que todo mundo sabe, o que todo mundo sente, o que todo mundo pensa, mas de forma singular. Daí, é quase impossível não se identificar com o escrito.

Belíssimo pensamento e acho que nem é preciso dizer que a minha identificação foi plena.

Sucesso...

Corvo Torto said...

olha sério lí o texto e fiquei triste confesso!!! tou nessa fase: sentimentalismo e perda!!!
mais na lei trabalhista veio uma convução de risadas!!!!!!!

concordo!!!!!!!

abraços!!!!

Rosangela A. Santos said...

É realmente não tem como ficar pra baixo em tal situação .. principalmente na "hora" da perda só nos lembramos dos momentos bons... mas basta o tempo pra lhe dizer que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido .. se não é amor que se vá... "amanhã" vc vai lembrar que a pessoa não era tão maravilhosa assim .. tem uma serie de defeitos .. de repente ira ver mais defeitos que qualidades .. e só vc mesmo para dar a volta por cima ..
referente ao lincença concordo com vc .. pelo menos uma semana... rsrsrs
Abç

Unknown said...

Essa viagem pelo sofrimento mais comum da existência pode ser a mais longa e periclitante. Você diz isso de forma bela, e triste!

J. said...

Luto.

Não sei o que é pior. Perder alguém para a vida ou perder para a morte.
Um certo egóismo emana de nós quando alguem que se ama vai embora, mas nõa para o tumulo mas para o colo de outro, ou simplesmente para uma cama vazia.

N sei o que é pior. Até sei.

_________________________________

Parabens pelo blog.
Estou seguindo.

G.M. said...

é... lindo esse texto.

Cesar Higashijima said...

Nunca tinha pensando nisso, mas a legislação trabalhista devia levar em conta mesmo. Se a TPM das mulheres é levada em conta, acho que existem casos em que o luto de amor transtorna mais as pessoas.

CESAR CRUZ said...

Perfeito! Já fiz isso com pessoas que amei, e que, com o passar do tempo, desamei. É triste sofrer isso e também triste produzir isso em alguém.

Excelente reflexão.

bj
Cesar

Groo said...

Sabe...certos textos vem a calhar.

Este veio em boa hora pra mim.

Obrigado.

abs!

Deni said...

é o que chamamos d desconhecido =/

parabens pelo blog
primeira vez aki.
espero retornar mais vezes
ótimo fds.
e te convido a vir no
www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

\o/
abraço!

Anonymous said...

Tudo que não nos mata, nos fortalece.

Felipe Santos e Camila Alvarez said...

(calafrios)
seu texto é bem forte

O verdadeiro sentido do amor.
o lado bom e o ruim, muito pouco abordado pelos poetas.

parabéns

http://www.surfinsantoss.blogspot.com/

Alecrim said...

Concordo!
Episódios da vida que nos tiram de eixo, tira a vontade das coisas. Mas ainda bem que é só um período.
Fortíssimo texto.. Vou passear mais pelo teu blog, hehe

Ate mais!

Rodox said...

Realmente poderia ter sim esse tipo de licensa mas axo q o povo iria abusar muitooo.... mas enfim sei muito bem como é isso e realmente a gente perde o chão, a direção, o estado, e o ser a mente nao funciona e coração bate pq é algo involuntário. Mas temos a opção de ser forte e não sofrer. Já dizia drummond a dor é inevitável o sofrimento e opcional.Estou te seguindo apartir de agora.... Abraços e valew a visita no proibidão.... ah a ultima olha isso tb do drummond.

O primeiro amor passou
O segundo amor passou
O terceiro amor passou
Mas o coração continua.

Marcus Alencar said...

Texto bonito o seu, a forma como descreve esse tipo de perda interior, também acho que deveriamos ter uma licença ou tempo para essa recuperação emocional pois isso atrapalha e muito o rendimento e a vontade de continuar, mas para isso precisariamos de obviamente sistemas mais humanos de trabalho, algo muito longe da realidade...eu adoraria se fosse mais real, mas por enquanto...

Tijolada said...

Muito bom texto. É exatamente assim, parece que o mundo ao redor pára e continua gerando ao mesmo tempo. É paradoxal, mas era exatamente assim que eu me sentia quando acontecia...

Anonymous said...

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