Ela teve uma notícia que não esperava (pelo menos nem tão cedo). Logo no dia do seu aniversário, quando coisas ruins costumam acontecer. A maldição de 2008 foi essa. Não que ela ainda pensasse ou tivesse esperanças com ele. Mas não sonhava que ele seria tão fraco a ponto de fazer o que fez. Embora todo mundo a tivesse alertado. Primeiro foi o choque. O susto. E um sonoro: "Não acredito". Nos dois dias seguintes, outras lembranças surgiram e ela foi se sentindo usada e enganada. O peito apertou de um jeito, mas não a ponto de fazê-la chorar para parar de doer. De repente, viu uma menina maltrapilha na rua e explodiu num choro convulsivo. Porque como diz uma amiga dela: "sem lesão não há pranto". Mesmo que a lesão não tenha a ver com o contexto. O choro desceu soluçado e os óculos escuros, ela deixara em casa. E nem insufilm tinha o carro para que ela pudesse desabar descontrolavalmente sem os olhares dos carros vizinhos naquele sinal que jamais abria. Era um choro de redenção, de alívio, libertador e, ao mesmo tempo, de raiva por ouvir (ouvir não, descobrir) e viver (pelo menos depois do fim e de já desapegada dele), o que todo mundo dizia que aconteceria... os tais avisos daquela época em que ela era cega de paixão e acreditava ser a exceção da regra dos casos assim. Isso porque pautava-se não na vida, nem nas palavras dos experientes amigos e da mãe, mas nas palavras dele.
Ela olhou no retrovisor e viu que seu rosto já era indisfarçável. Olhou para o lado meio embaraçada e viu que um moço fazia sinal para que ela abaixasse o vidro. Ela abaixou meio de cabeça baixa para ele não se assustar tanto com seu rosto borrado de rimel. E ele gentilmente perguntou:
- Está tudo bem?
- Vai passar... - ela disse finalmente acreditando
A trilha sonora do caso: