Por Thiago C.S.
Tópicos abordados nessa parte:
- Introdução;
- Antissemitismo e o movimento sionista
moderno
Introdução
Parece haver se formado um quase
consenso entre jornalistas e líderes políticos no sentido de que Israel possui
a maior parcela de culpa quanto à recente escalada de violência na Faixa Gaza.
Porém, boa parte da cobertura jornalística parece aceitar sem ressalvas que a
narrativa do Hamas, uma organização terrorista, tem a mesma credibilidade
daquela defendida pelo Estado de Israel. Ao mesmo tempo, pouco foi dito em
relação às origens do conflito e ao seu contexto histórico.
Mas será mesmo que Israel e seus
adversários são moralmente equivalentes? Há alguma plausibilidade no argumento
de que Israel promove intencionalmente o genocídio de civis, ou, que, no
mínimo, não faz qualquer esforço para evitar tais baixas? Qual o interesse de
Israel em cometer tais atrocidades e se tornar um pária diante da opinião
pública mundial?
Por outro lado, a morte de civis
parece ter fortalecido enormemente a estratégia do Hamas em relação ao conflito;
e não é nenhuma novidade que essa organização adota a prática de utilizar
escudos humanos, como está fartamente registrado em vários discursos de seus
integrantes. Não seria, então, o Hamas o maior culpado pela morte de civis
palestinos?
A disparidade moral entre Israel
e seus inimigos parece ser sem dúvida a questão central desse conflito. E
poucos discursos captaram tão bem essa diferença quanto o de Sam Harris –
concordemos ou não com ele em relação a outros tópicos – que pode ser
conferido, com legendas em português, AQUI (há imagens fortes):
Contundo, o que temos visto na
maioria dos meios de comunicação é uma avalanche de colunas e matérias escritas
por gente que obviamente jamais se deu ao trabalho de estudar sequer algumas
horas sobre o assunto. A Folha de São Paulo, o jornal de maior circulação no
país, chegou ao cúmulo da irresponsabilidade quando, na semana passada, deu
ampla divulgação a uma coluna em que uma evolução histórica sabidamente
desonesta do território palestino foi vendida como prova de uma sanha genocida e
colonialista de Israel. Há uma enorme diferença entre publicar uma opinião e fomentar
a disseminação de uma mentira abjeta.
Parece-me, portanto, importante
fazer um contraponto a esse consenso que está se formando. É necessário ouvir
com atenção o que Israel tem a nos dizer*.
Quem desejar comparar as
narrativas inevitavelmente se deparará com os seguintes questionamentos: qual
delas é a mais verossímil? Ou ainda, qual parece apresentar o contexto
histórico mais honesto para os fatos? E por fim: qual lado merece maior
credibilidade?
Antissemitismo e o
movimento sionista moderno
Sim, Israel tem sua parcela de
erros e de responsabilidade em atos atrozes ocorridos nos diversos conflitos em Gaza e
na Cisjordânia. Mas uma análise cuidadosa dessas guerras e de suas origens parece
não deixar margem a dúvidas de que Israel sempre foi o lado que mais buscou a
resolução diplomática para esses conflitos, bem como aquele que procurou se ater
aos princípios morais que disciplinam sua própria sociedade e às leis
internacionais que regem conflitos armados.
Para entender a guerra na
palestina, porém, é preciso conhecer minimamente as origens do antissemitismo
que marca a existência povo Judeu, bem como da própria divisão territorial do
Oriente Médio.
O antissemitismo é um movimento
milenar. No entanto, a maioria de nós possui apenas um vago conhecimento de seu
pico mais recente, que ocorreu durante a segunda guerra mundial, quando o
genocídio de 6 milhões de judeus foi patrocinado pelo Estado nazista alemão. Porém,
desde seu surgimento, há mais três milênios, os judeus sofrem perseguição.
Uma rápida pesquisa é suficiente
para identificar vários eventos de perseguição aos judeus, que vão desde o
processo de helenização forçada promovida pelo Império Selêucida, que tornou
ilegais, no ano de 167 AEC, as tradições
judaicas, passando pela atribuição de culpa aos judeus pela Peste Negra durante
a Idade Média e pelos diversos pogroms
(limpezas étnicas) que se espalharam pelo Oriente Médio e norte da África após
o “Caso Damasco” – no qual membros da comunidade judaica de Damasco foram
acusados de assassinatos rituais. Também foram intensas as ações antissemitas
perpetradas na Russia Czarista (e posteriormente na União Soviética) e na
África do Sul. Outras dezenas de
eventos menos conhecidos relacionados à perseguição de judeus ocorridos nos
últimos séculos são listadas AQUI:
Essa animosidade contra os judeus
é central para entender o movimento sionista. O moderno movimento político para
a criação de uma nação judaica na palestina tem em Theodor Herzl, autor do
panfleto “O Estado Judeu”, publicado em 1886, seu primeiro grande líder. Boa parte dos sionistas
acreditava que o preconceito contra judeus era alimentado pelo fato de estes não
terem, desde a diáspora promovida pelo Império Romano em 70 EC, uma nação
própria e, portanto, de serem sempre vistos como intrusos em qualquer
comunidade. Imaginavam que se os judeus tivessem sua
própria nação – e a Judeia parecia um local lógico – passariam a ser como todos
os outros povos e que o antissemitismo perderia sua força.
Nas próximas partes:
-O Mandato Britânico da Palestina e a moderna divisão territorial do Oriente Médio.
-O Mandato Britânico da Palestina e a moderna divisão territorial do Oriente Médio.
- As Guerras de 1948 e 1967
- Os palestinos recusam uma oferta generosa;
- A retirada israelense de Gaza e a ascensão do Hamas;
- A escalada atual do conflito e sua cobertura pela imprensa mundial
- Os palestinos recusam uma oferta generosa;
- A retirada israelense de Gaza e a ascensão do Hamas;
- A escalada atual do conflito e sua cobertura pela imprensa mundial
*Parte relevante das informações
relatadas nesse texto (dividido em quatro partes) foram extraídas dos livros “Myths
and Facts: A Guide to the Arab-Israeli Conflict”, de Mitchell G. Bard (https://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/myths3/mftoc.html);
e “Why Israel is the Victim”, de David Horowitz (http://www.frontpagemag.com/2013/david-horowitz/why-israel-is-the-victim/
).
Outras referências utilizadas
nessa parte:
http://www.simpletoremember.com/articles/a/HistoryJewishPersecution/
https://www.youtube.com/watch?v=_63GLG15hBo
http://www.samharris.org/blog/item/why-dont-i-criticize-israel
https://www.youtube.com/watch?v=_63GLG15hBo
http://www.samharris.org/blog/item/why-dont-i-criticize-israel
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