Monday, April 20, 2009

Do filho do autor

Ontem, mal humorada e a muito custo, abri o livro para estudar. "Tudo que é sólido desmancha no ar", uma análise da modernidade feita por Marshall Berman. Ainda no prefácio, no último parágrafo dele, meu coração ficou do tamanho de uma jujuba:
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"Logo depois de terminado este livro, meu filho bem amado, Marc, de cinco anos, foi tirado de mim. A ele eu dedico Tudo que é sólido desmancha no ar. Sua vida e sua morte trazem muitas das idéias e temas do livro para bem perto: no mundo moderno, aqueles que são mais felizes na tranquilidade doméstica, como ele era, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que assediam esse mundo. (...) Manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heróicos, e às vezes perdemos. Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar" (BERMAN, 1981, p.14). Essa última frase grifei até furar a página.
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Já fechei o livro ainda no início (como bem podem comprovar na página da citação) e fui pesquisar sobre o Berman e seu filho. Me encantei pelo teórico e seu otimismo. Sobre Marc, segundo o comentário de uma duvidosa menina em um blog, parece que ele caiu da janela. O que não deixa de fazer sentido de acordo com a dedicatória. Para além de interpretações de cunho histórico e econômico como fez Marx em seu Manifesto Comunista - lugar da frase que dá título ao livro do Berman - o caso ilustra bem como, hoje em dia, mais do que nunca, Tudo que é sólido desmancha no ar. Contraditoriamente, o que deve ser fixo, rijo e certo, num instante vai-se embora: a vida, de uma hora pra outra. "A rotina diária dos parques e bicicletas, das compras, do comer e limpar-se, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária" (BERMAN, 1981, p.14)
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Depois desse trecho e da pesquisa na internet, devorei o livro. Também recomendo as páginas depois do prefácio. Analítico sem ser chato, o livro é feito com sensibilidade. Mais um caso em que o sólido se desmancha no ar.

13 comments:

Dani said...

é verdade menina, concordo!!
aquela merda é boa apesar de tudo...
auhsuahsuas
e obrigada pelas visitas,
venha perder a paciencia com a gente sempre que quiser,
bjo grande

Igor Pinheiro said...

Muito bom. E os trechos são bem legais mesmo, principalmente esse que você grifou até furar o livro!!!!!

Guilherme Galo Doido said...

Oi Coração de Jujuba! :o) Essa é a primeira vez que comento num blog, não tenho o hábito de entrar nesses sites, mas parece que esse hábito vai mudar depois que conheci o paticastro.blog

Esse texto é muito forte, triste e "bonito" sem ser dramático, por isso prende a atenção do leitor. Realmente a morte de uma criança é tão incompreensível quanto o próprio ato de viver... talvez seja pelo fato de não sermos tão sólidos assim, por isso nos perdemos no ar! Mas.. que "continuemos a continuar..."

Beijos e parabéns

Rato Rastafari

Hique said...

Bem, se continuarmos vendo a vida com algo ou alguém que vais sempre nos trapacear, vai ser bem difícil ser feliz mesmo.

Planeta da Blogueira said...

É sempre assim... a gente precisa começar para depois aprender a gostar!!

Nícolas said...

Oi tudo bem vc deu uma passada la no meu blog, gostei muito do seu blog legal vamos combinar uma politica de parceria ok..
abraçoo...

Blog da Srtª Skellington said...

adorei seu blog ele tem personalidade propria

Samba da bola said...

Bem, se continuarmos vendo a vida com algo ou alguém que vais sempre nos trapacear, vai ser bem difícil ser feliz mesmo.(2)

falou tudo!!

futebol??
http://www.sambadabola.blogspot.com/

Sergio Franco Filho said...
This comment has been removed by the author.
Sergio Franco Filho said...

de nada =)
e obrigado por passar por lá, tb

cruelmente verdadeiro...
e lindo...
"Manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heróicos, e às vezes perdemos. Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada."

Filipe Mamede said...

Gostei muito do seus pensamentos sobre o livro "Tudo o que é sólida desmancha no ar". Conhecia a frase de Marx, mas não sabia que havia um livro com esse título. Fiquei curioso. Um abraço.

CESAR CRUZ said...

Me aperta o coração só de imaginar ficar sem minha filha que amo tanto, mas tanto, que até me dói.

Prefiro esquecer o dia mau, que pode, de súbito, como diz no Eclesiastes, saltar sobre você sem aviso.

bj
Cesar

Anonymous said...

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