Tuesday, November 09, 2010

Da saudade irreversível

Num samba insuportavelmente lotado, in-cri-vel-men-te lotado, lembro de mim sozinha enquanto ele conversava com alguns amigos. lembro de ter pensado: "isso aqui tá muito cheio". Foi quando ele voltou num abraço e emendou uma dancinha a dois. "ah, ainda bem que estou com ele... assim qualquer lugar fica bom". Lembro tanto de ter sentido assim. E de deixar o desconforto da multidão de lado, junto com os sapatos, e com ele dançar até de manhã... Esse era só o primeiro de outros encontros. De idas e vindas. Culpa do acaso que nos reaproximou para a despedida que veio tão rápida. Mas sou grata ao acaso, mesmo faltando tanto pra dizer...

E é essa lembrança do samba que quero que fique.
O que sinto de bom quando te vejo em sonho ou pensamento, não quero deixar de sentir.
Nem daqui a 50 anos...

Saudade. Todo dia, saudade.


Thursday, September 30, 2010

Dos dias de hoje

Você provavelmente chegou até aqui vindo de uma busca pela expressão "O menor conto do mundo" ou coisa parecida. Bom, o texto abaixo não é nenhuma pérola da literatura mundial, é na verdade uma piadinha sobre a vida moderna.


Era uma vez um rapaz que pediu a uma linda garota:


- Você quer se casar comigo?
Ela respondeu:
- NÃO!

E o rapaz viveu feliz para sempre: foi pescar, jogou futebol, conheceu
muitas outras garotas, visitou muitos lugares, sempre estava sorrindo e de
bom humor, nunca lhe faltava grana, bebia cerveja com os amigos sempre que
estava com vontade e ninguém mandava nele.

A moça teve celulite, varizes os peitos caíram e ficou sozinha.


FIM.


Surrupiado do Blog http://anu11.blogspot.com

Sunday, August 29, 2010

Do Luto (repostagem)

Como alguém pode deixar a gente tão destroçado? Que poder é esse que as pessoas têm sobre nós? Quando um relacionamento termina contra a nossa vontade, perdemos o chão e o teto desaba. A vontade nossa, é de nada. Lutamos contra o querer, executando alguém que se fez parte de nós. E o outro vai morrendo dentro da gente por escolha dele. As emoções viram ao avesso quando a ordem racional é desamar, amando. Culpa da perda compulsória. Da saudade insuportável e involuntária de não poder saber de quem se gosta, saudade que dói mais.

A legislação trabalhista devia levar isso em conta. Além das licenças a que se tem direito, deveria existir a do período de reestabelecimento sentimental. Seria, por lei, o luto de amor. Uma licença para sofrer um pouco em paz...

Quero andar por outra rua.

Wednesday, August 04, 2010

Da autobiografia em 5 capítulos

1) Ando pela rua . Há um buraco fundo na calçada . Eu caio. Estou perdido... sem esperança. Não é culpa minha. Levo muito tempo para encontrar a saída.


2) Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada Mas finjo não vê-lo. Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Mas não é culpa minha. Ainda assim levo um tempão para sair.

3) Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está. Ainda assim caio... é um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou. É minha culpa. Saio imediatamente.

4) Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Dou a volta.

5) Ando por outra rua.

Acho que é de algum livro zenbudista... procurando desesperadamente este livro ..

Monday, June 28, 2010

Da sem noção




Luciana Gimenez se superou... Ontem assisti ao programa que ela apresenta com o marido e também (claro) p.. grossa da emissora.

Ao entrevistar uma das participantes do jogo lá que dá até 1 milhão de reais, Miss Jagger solta:

- Qual a sua profissão?
- Sou fisioterapeura - responde a candidata à milionária
- Nossa! Uma boa menina no programa! Porque quem faz fisioterapia é porque gosta de ajudar os outros né? Porque fisioterapia não dá dinheiro né? Que menina caridosa!!!

"Cala a boca, Gimenez" (pensei - cobrindo-me até os olhos - de tanta vergonha alheia).

Ela ainda não aprendeu que nem todo mundo põe em prática a "brilhante ideia" de implantar em si mesma a sementinha da fortuna.. aiai

Sunday, June 27, 2010

Do cãozinho Pimpinho




Às vezes ele nem tava ao meu lado. Mas eu sabia que estava em algum lugarzinho favorito e tão aconchegante quanto o pé da minha escrivaninha. E não raro eu saía do meu canto para dar uma espiadinha na posição (fofa) que ele devia ter inventado.

Foram 14 anos assim... quando em cômodos diferentes, ao menos sabendo-se lá.

Agora não sei mais onde..

O vazio tá cheio de saudades, anjinho. te amei muito.

Monday, May 31, 2010

Da sabedoria

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amor,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

[Bilhete - Mario Quintana]

Thursday, May 20, 2010

Da (in)Justiça




Ontem vi o documentário "Os pecados do meu pai", que trata do filho de Pablo Escobar. Foi revoltante ver imagens de Escobar - já com uma cadeira no congresso (não bastou poder econômico)- afirmando na TV que não tinha envolvimento com o narcotráfico. Tal afirmação foi feita para rebater as denúncias de Lara, outro político colombiano, que tentava combater o mercado crescente de drogas. Por levar à frente a denúncia, Lara foi assassinado pelos homens de Escobar. A cena do filho da vítima chorando no enterro aos 8 anos, faz crescer ainda mais a revolta.

Sentir-se injustiçado é um dos piores sentimentos. Falo isso com conhecimento de causa. Mais injusto ainda é não contar com um sistema eficiente, capaz de penalizar bandido - munido de prova falsa em plena delegacia. Falo isso porque vivenciei. "Melhor conciliar com bandido a levar o processo à frente, minha senhora. A justiça é morosa e desgastante. Preferível encerrar isso aqui", ouvi (pasma) de nossas autoridades.
Ah... falando de bandidagem, nem se fala das fraudes que tenho "engolido" junto com meu choro a cada concurso público que presto. Mas isso é assunto para outro texto.

Bem, o documentário que citei no início deste post foi filmado em 2007. Ele também mostra o encontro dos filhos de alguns homens que Escobar matou com Sebastian, filho do famoso narcotraficante (que não pisava na Colômbia desde 1993, ano da morte do pai). Sebastian pediu perdão. O filho de Lara disse que queria abraçá-lo e apertar-lhe a mão, esperando que isso ajude a Colômbia a ser um país melhor que o da infância deles.

Não é no judiciário que está a minha esperança de ver um mundo melhor. Mas é em gente assim, como o filho de Lara, que repousa meu consolo.

Tuesday, April 06, 2010

Repostagem em Homenagem a Harold


Eu e Harold há exatos dez anos rsrsrsrsrs

Coloco aqui a carta que postei no blog para um amigo de infância... No ano passado, não consegui ligar para ele no dia do seu aniversário. Tentei me redimir com essa singela homenagem. Este ano já falei com ele!Hoje, 6 de abril! Mais um ano de vida e 17 anos de uma amizade que perdura mesmo com a distância... Parabéns, Harold! Segue a homenagem escrita (quase!) nesta mesma data no ano passado...
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Querido amigo,

Ontem, 6 de abril, pensei muito em você. Tentei ligar, mas acredito que o telefone salvo na agenda está desatualizado. Mas já prestes a dormir, alta madrugada, triste por não ter conseguido falar com você, tive a ideia de registrar no meu blog os parabéns e o carinho que sinto.
Para quem não conhece o Harold, aproveito para apresentar no meu espaço. Amigo desde a quinta série, peça rara do naipe fundão, hoje pai de uma menina que tem nome de prima-irmã. Mesmo ele deixando o colégio na sexta série, um ano de convivência foi suficiente para uma cumplicidade sem fim...
O que mais me encanta nele, é a amizade leal. Estivesse eu em Recife, Brasília, BH ou Rio Grande do Sul, ele sempre deu um jeito de me encontrar e ligar nas datas especiais: aniversário e natal. Eu também tento, Harold. Mas embora jornalista, não tenho esse seu faro detetivesco. Mas saiba que não passei nenhum 6 de abril sem pensar em você. E assim vai mais de uma década de amizade em que não deixamos de nos falar um ano sequer. Ainda bem que hoje em dia temos a tecnologia diminuindo fronteiras e saudade, embora a saudade nunca mude. E também proporcionando a chance de burlar a minha falta nos anos em que deixei de ligar: tá aqui carimbado e declarado nesse texto singelo, postado no dia 7 de abril, que eu nunca me esqueço.
E, por favor, me mande seus números de telefone.
Com amor todos os dias... 6, 7, 8, 9... de todos esses anos e dos que virão,
Pati.

Monday, April 05, 2010

Da diversidade*

Era uma vez dois meninos interessantes. Um tinha um quê de barroco. O outro um jeito romântico. O primeiro era lindo, astuto e simpático. O segundo era belo, inteligente e carismático. Eles tinham tão tudo a ver que enquanto um terminava de elaborar uma anedota, o outro já desembuchava a tal pilhéria sobre qualquer coisa inusitada que viram ou ouviram. Riam juntos então.
Mas barroco e romântico há muito sentiam a poesia esmorecer. Além de se privarem de tantas vontades comuns a todos os seres humanos, os dois tinham quase sempre que reprimir o desejo de um pelo outro. Beijos, abraços e afagos exigiam hora marcada. Até o dia em que o segundo saiu em disparada da casa do primeiro – sem nem se despedir – ao ouvir um terceiro chegar.
Ao telefone 30 minutos depois:

- Ah não! A gente tem que dar um jeito nisso! – revoltou-se o primeiro
- Mas como? – Suspirou desacreditado o segundo

De pernas elegantemente cruzadas e recostado no sofá de couro vermelho, o primeiro pensou, pensou, pensou. Pensou mais um pouquinho e acendeu um cigarro. Pensou, fumou, pensou, fumou, pensou... e oito maços depois encontrou a solução.

- Vamos embora daqui. Vamos para a Holanda! – gritou entusiasmado o primeiro.
- Holanda??? He-Hé-Hé! Agora? Como? Por que?
- Lá é um país liberal. As pessoas usam drogas no meio da rua. Ouvi dizer que tudo pra eles lá é normal... Eles todos lá são adeptos do “Movimento Vaca”: tão cagando e andando pra tudo. Por isso as vacas holandesas são conhecidas no mundo inteiro!
- Mas como a gente vai fazer pra ir agora?
- Indo! Ou você quer esperar que a sociedade mude? Eu não quero ficar protestando para que as gerações futuras possam usufruir de tudo enquanto eu já tô morto. Quero ser feliz com você agora!

Lá no outro continente as coisas eram bem diferentes. Mas tal qual a sociedade brasileira, a holandesa ainda precisava evoluir quando a questão envolvia o mesmo sexo. Voaram então pra uma ilha deserta no Peloponeso. Viveram 9 dias de paz, sem nenhum olhar ameaçador dilacerando-lhes a alma. Até que a Guarda Costeira apareceu de repente. Apanharam em flagrante os dois deitados na areia, um de frente pro outro, dando risada com as pernas enroscadas. Foram presos por atentado ao pudor. Paradoxal, mas enfim... No final das contas, o governo brasileiro pediu a extradição do casal. Apelou para o discurso da aceitação das diferenças e da necessidade de uma sociedade justa e democrática que tanto o Brasil luta pra ser. O segundo ficou empolgado:

-Agora com essa intervenção do presidente, nosso caso vai virar manchete. As pessoas vão se sensibilizar e vai ser um grande passo para vivermos em paz...

Quando chegaram no Brasil, estranharam. Nenhum burburinho sobre o episódio. Era época de campanha eleitoral e o então presidente preferiu abafar o caso. Era preferível manter o status quo a provocar polêmica. Afinal, não queria perder os votos da maioria da população do país, que era conservadora. Não podia arriscar. A justiça brasileira decidiu absolvê-los, mas os dois tiverem que assinar um termo em troca. O documento exigia o silêncio de ambos. Assim foi feito.
Fatigado, mas obstinado, o primeiro não desistiu.

-Vamos para os Estados Unidos. Lá é a terra das oportunidades, o país da democracia...

O segundo igualmente obstinado apoiou a idéia. Mas, na véspera da viagem, Bush baixou um decreto proibindo a entrada de latinos, negros, e homossexuais no país sob pena de morte. O governo americano considerava a estirpe um bando de terroristas em potencial. Era fuzilamento na certa.

O primeiro continuou pensando. Pensou, pensou, pensou. Acendeu um cigarro. Pensou, fumou, pensou, fumou, pensou... até que...

- A solução é irmos embora do planeta. Aqui não vamos nunca ser plenamente felizes...

Uniram as persistências e as inteligências. Numa nave espacial de cores modernas foram baixar num planeta distante, em outra Galáxia a qual deram o nome de “Gayláxia”. Aterrisaram num planetinha aconchegante onde a morte não existia, nem a rotina e nem domingo à noite. Do chão brotavam alimentos light, mas com gosto bom de guloseimas. No céu, um arco-íris lá pairava sempre. Construíram uma casinha no final do arco-íris, representando que tinham finalmente encontrado o tesouro.
O planeta, o segundo resolveu batizar de “Tô-nem-aí-véi”. Mas o primeiro, estritamente avesso aos erros gramaticais, fez cara ruim.

- Tem que ser Tô-nem-aí (vírgula) véi, porque o vocativo tem que ser separado por vírgula.
- Mas é só uma nomenclatura...
-Mas você sabe que eu fico agoniado com erros de português!

Ficou “Tô-nem-aí”. E eles foram felizes para sempre a milhões de anos-luz daqui. Porque na Terra eles também tinham tudo para ser feliz, só que a gente desse mundo não deixava. E é por isso que nesse texto eles não tem nome.

E 300 anos depois, o já consolidado movimento gay derrubou o regime totalitário mundial imposto pelo presidente Bush no século XXI. Os homossexuais tomaram o poder. O planeta azul ficou rosa e bem melhor de se viver.

*Baseado em fatos reais

Wednesday, March 10, 2010

No cursinho, a aula era de português para concursos. A professora escreve no quadro:

"Prefiro a água a cerveja"

- Qual o erro da frase? - pergunta a professora.
- A ordem de preferência está invertida - responde a aluna expert Kamilla.

Mandou bem, amiga. Com tanta astúcia assim, você vai passar em primeiro lugar. Concursada, grana não vai faltar para inverter(mos) a ordem várias vezes.




Tuesday, January 26, 2010




Não quero outro olhar
outra boca
outro beijo
não quero outra mão
outra carícia...
Minha saudade é específica
(Elisa Lucinda)

26 de janeirodesamparo

Tuesday, January 12, 2010

Dos tempos modernos

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Tuesday, January 05, 2010

Daquela que deixou de enxergar com os olhos





A menina de olhos verdes não queria olhos claros.
A pequena foi para o sol. Estirou-se na areia, de olhos bem abertos. "Acho que assim eles escurecem", pensou.
Desde aquele dia, não enxergou mais. Com a cegueira, os antes "zói" bonito, ficaram meio acizentados.
A partir de então, mesmo que só para si, todos em volta segredavam que ela deixou de ser bonita.
Mas, para ela, o mundo ...
ah!
o mundo começou a ficar lindo.