Friday, August 18, 2006
De perto ninguém é normal
Friday, August 11, 2006
Do casamento

ELA: 'Prometo nunca sair da cama sem antes dar bom-dia, deixar você ver seu futebol na tevê sem reclamar, ter paciência para ouvir você falar dos problemas do escritório, ter arroz e feijão todo dia no cardápio, acompanhar você nas caminhadas matinais de sábado, deixá-lo em silêncio quando estiver de mau humor, dançar só para você, fazer massagens quando você estiver cansado, rir das suas piadas, apoiá-lo nas suas decisões e tirar o batom antes de ser beijada'
ELE: 'Prometo deixar você sentar na janelinha do avião, emprestar aquele blusão que você adora, não reclamar quando você ficar 40 minutos no telefone com uma amiga, provar suas receitas tailandesas, abrir um champagne todo final de tarde de domingo, assistir junto ao capítulo final da novela, ouvir seus argumentos, respeitar sua sensibilidade, não ter vergonha de chorar na sua frente, dividir vitórias e derrtoas e passar todos os natais ao seu lado'
Sim, sim, sim!!!" Eu aceito!!!!
Friday, August 04, 2006
Da definição
Lágrima: 1. saudade na forma líquida; 2. mistura de água do mar com alma moída; 3. secreção aquosa expelida através dos canais lacrimais quando se espreme o coração; 4. felicidade que escorre pela face; 5. estrela cadente que despenca do céu dos olhos de quem ama; 6. motivo da existência de lenços brancos; 7. resultado da fusão de sentimentos contraditórios quando submetidos a altas temperaturas; 8. nome comumente dado ao fim de um romance; 9. momento que antecede o adeus; 10. pedaço de ontem; 11. antônimo de desprezo; 12. matéria-prima das jujubas; 13. grande inspiração dos poetas; 14. fado de Amália Rodrigues; 15. na Europa, folha que cai da árvore quando chega o outono; 16. na infância, associada ao berro, alarme de fome; 17. na velhice, fome de colo; 18. névoa úmida que cobre o mundo quando chove dentro da gente. (Ex.: "Não, isso não é lágrima, não. É que a felicidade virou mar dentro de mim e a maré acabou de subir". - in Coisas de Amor Largadas na Noite, E. Almeida)
Tanta sabedoria e poesia são do dicionário lúdico brasileiro de André Gonçalves...
Friday, July 28, 2006
Da diversidade*
Mas barroco e romântico há muito sentiam a poesia esmorecer. Além de se privarem de tantas vontades comuns a todos os seres humanos, os dois tinham quase sempre que reprimir o desejo de um pelo outro. Beijos, abraços e afagos exigiam hora marcada. Até o dia em que o segundo saiu em disparada da casa do primeiro – sem nem se despedir – ao ouvir um terceiro chegar.
Ao telefone 30 minutos depois:
- Ah não! A gente tem que dar um jeito nisso! – revoltou-se o primeiro
- Mas como? – Suspirou desacreditado o segundo
De pernas elegantemente cruzadas e recostado no sofá de couro vermelho, o primeiro pensou, pensou, pensou. Pensou mais um pouquinho e acendeu um cigarro. Pensou, fumou, pensou, fumou, pensou... e oito maços depois encontrou a solução.
- Vamos embora daqui. Vamos para a Holanda! – gritou entusiasmado o primeiro.
- Holanda??? He-Hé-Hé! Agora? Como? Por que?
- Lá é um país liberal. As pessoas usam drogas no meio da rua. Ouvi dizer que tudo pra eles lá é normal... Eles todos lá são adeptos do “Movimento Vaca”: tão cagando e andando pra tudo. Por isso as vacas holandesas são conhecidas no mundo inteiro!
- Mas como a gente vai fazer pra ir agora?
- Indo! Ou você quer esperar que a sociedade mude? Eu não quero ficar protestando para que as gerações futuras possam usufruir de tudo enquanto eu já tô morto. Quero ser feliz com você agora!
Lá no outro continente as coisas eram bem diferentes. Mas tal qual a sociedade brasileira, a holandesa ainda precisava evoluir quando a questão envolvia o mesmo sexo. Voaram então pra uma ilha deserta no Peloponeso. Viveram 9 dias de paz, sem nenhum olhar ameaçador lhes dilacerando a alma. Até que a Guarda Costeira apareceu de repente. Apanharam em flagrante os dois deitados na areia, um de frente pro outro, dando risada com as pernas enroscadas. Foram presos por atentado ao pudor. Paradoxal, mas enfim...
-Agora com essa intervenção do presidente, nosso caso vai virar manchete. As pessoas vão se sensibilizar e vai ser um grande passo para vivermos em paz...
Quando chegaram no Brasil, estranharam. Nenhum burburinho sobre o episódio. Era época de campanha eleitoral e o então presidente preferiu abafar o caso. Era preferível manter o status quo a provocar polêmica. Afinal, não queria perder os votos da maioria da população do país, que era conservadora. Não podia arriscar. A justiça brasileira decidiu absolvê-los, mas os dois tiverem que assinar um termo em troca. O documento exigia o silêncio de ambos. Assim foi feito.
Fatigado, mas obstinado, o primeiro não desistiu.
-Vamos para os Estados Unidos. Lá é a terra das oportunidades, o país da democracia...
O segundo igualmente obstinado apoiou a idéia. Mas, na véspera da viagem, Bush baixou um decreto proibindo a entrada de latinos, negros, e homossexuais no país sob pena de morte. O governo americano considerava a estirpe um bando de terroristas em potencial. Era fuzilamento na certa.
O primeiro continuou pensando. Pensou, pensou, pensou. Acendeu um cigarro. Pensou, fumou, pensou, fumou, pensou... até que...
- A solução é irmos embora do planeta. Aqui não vamos nunca ser plenamente felizes...
Uniram as persistências e as inteligências. Numa nave espacial de cores modernas foram baixar num planeta distante, em outra Galáxia a qual deram o nome de “Gayláxia”. Aterrisaram num planetinha aconchegante onde a morte não existia, nem a rotina e nem domingo à noite. Do chão brotavam alimentos light, mas com gosto bom de guloseimas. No céu, um arco-íris lá pairava sempre. Construíram uma casinha no final do arco-íris, representando que tinham finalmente encontrado o tesouro.
O planeta, o segundo resolveu batizar de “Tô-nem-aí-véi”. Mas o primeiro, estritamente avesso aos erros gramaticais, fez cara ruim.
- Tem que ser Tô-nem-aí (vírgula) véi, porque o vocativo tem que ser separado por vírgula.
- Mas é só uma nomenclatura...
-Mas você sabe que eu fico agoniado com erros de português!
Ficou “Tô-nem-aí”. E eles foram felizes para sempre a milhões de anos-luz daqui. Porque na Terra eles também tinham tudo para ser feliz, só que a gente desse mundo não deixava. E é por isso que nesse texto eles não tem nome.
E 300 anos depois, o já consolidado movimento gay derrubou o regime totalitário mundial imposto pelo presidente Bush no século XXI. Os homossexuais finalmente tomaram o poder. O planeta azul ficou rosa e bem melhor de se viver.
Monday, July 10, 2006
Da independência
Wednesday, July 05, 2006
Da copa
Wednesday, June 28, 2006
Monday, June 26, 2006
Da leitura
Adoro quando me deparo com partes assim. Fico com cara de comovida enquanto me delicio com a sucessão perfeita das palavras. Como não tenho Garcia Marquez em mãos, coloco aqui a crônica de Martha Medeiros desta semana. Esta é outra escritora que deve chorar depois de ler o que escreve. Além de me deixar com cara de choro a cada texto seu. O desta semana me pegou desprevinida. Chorei até soluçar.
Primas,
Isso era tudo o que eu queria dizer...
A morte é uma piada
Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e perplexidade, que é mesmo o que a morte causa em todos os que ficam. A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.
Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer. A troco?
Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente. De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é?
Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo.
Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz.
Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
Martha Medeiros
Friday, June 16, 2006
Da sinestesia
virou saudade branca
e ficou lembrança cor-de-rosa
do teu olhar azul
do meu sorriso amarelo
e daquele nosso desejo tão cor-da-pele
Martha Medeiros
Tuesday, June 13, 2006
Da procrastinação

Tem coisa melhor do quê, sem remorso, trocar a aula de ginástica por um cochilinho e uma sessão de doces?
No detalhe, um saco vazio de gelatinas formato de tubarão. Tipo aquelas que vendem no peso na "Sweet Sweet Way" e na "Honey Honey", sabem? Um dos meus vícios... mas sempre me pergunto por que essas guloseimas têm uma aparência tão repugnante: DENTADURAS, caveiras, tubarões e OVO FRITO... Pois é, gelatina doce com forma de ovo frito. Também me questiono como tais aspectos não tiram o meu apetite. Que diabos de estratégia de marketing é essa?
Falando nisso... Diálogo entre eu e Igor:
- Amor, vou na padaria.
- Ai, amor! Compra dentadura pra miiiiiiim - pedi manhosamente
- Dentadura?! Nunca vi isso...
- Môre, você acha na última prateleira, perto do freezer.
- E fica dentro de um copinho com água?
Ele não achou a dentadura. Mas trouxe um saquinho de gelatinas de cobrinhas e uma caixa de ferrero rocher. :)
P.S- A foto foi tirada por Quel que sucumbiu à graça da cena.
Monday, June 12, 2006
Do amor
Igor dá gosto e cheiro ao amor
Ele tem gosto de beijo roubado atrás da árvore,
de alegria de menino moleque
quando pega fruta do pé.
Tem cheiro de flor de enfeitar cabelo de menina faceira,
de bolo de fubá com café,
de obra de arte de vó...
Igor não é só um namorado...
é infância que não acaba nunca!
Ele também tem aquele gosto bom de quando a gente troca o salto pelo chinelo...
Amor,
Hoje é dia dos namorados, mas dia 20 é dia de nós dois!
Por favor, Papai do Céu, faz a Terra girar mais rápido pro dia 20 chegar logo...
Friday, June 09, 2006
Da angústia
Wednesday, June 07, 2006
Do Coreu
Depois, ao som da radiola de agulha quebrada, tomamos cerveja no Marcílio e comemos "coisas gordas", como sempre quando nos encontramos. Deu saudade do frango à passarinho e da batata frita crocante da Marcília.
Às 22:30h em ponto fechamos a conta. A idéia era pegar o "Boca do Forno" aberto para comermos uma fatia de torta. Na esquina do Marcílio, Renato vislumbrou as luzes acesas, as mesinhas ocupadas e os portões de ferro ainda no alto. Saiu correndo feliz, dando pulinhos à lá "I'm singing in the rain". Na altura de um poste que fica a meio caminho "do Boca", as calças da figura saltitante estavam nos joelhos. Desconcertado, com a cueca branca e a cara vermelha de tanto rir, gritou: "Minha calça!!!!!!!!!", enquanto levantava a mesma. Duas meninas que passavam não puderam deixar de assistir. Deu saudades da Izabel presenciando aquela cena comigo.
Uma torta de prestígio calou a nossa boca por alguns minutos. Murmuramos apenas "Huuuuums" à medida que detonávamos a fatia. No caixa, não resisti ao bombom de moranguinho feito com Novomilk, segundo o Renato. De Novomilk ou Quick, ele abocanhou metade do meu depois de eu ter oferecido um inteiro só para ele. Indo embora, tive que presenciar uma frase clássica, bem do Renato Soares. Vendo a faixa pendurada com o slogan "Na copa, coma todos os dias na Boca do Forno", ele disparou em direção ao dono: "Ei, Márcio! 'Na copa, coma todos os dias na Boca do Forno e vire uma bola, né?'". O Márcio não conseguiu esconder o riso. Deu saudades dos dias de gula e de saladas no Boca do Forno.
Para celebrar e findar o encontro, fumamos um cigarro na pracinha ao som da música ao vivo do cantor mudo do 'A Granel' (essa parte só Renato vai entender). Nem precisamos pagar couvert, já que, de onde estávamos, dava para roubar o som do restaurante. Deu saudades de correr dali para chorar no sofá-cama azul do apê 1403. Muitas saudades do apê do edifício Key West que, há quase seis meses, conserva a luzinha verde da varanda apagada.
E quase todo o brilho do Coreu também foi junto com aquelas duas candangas duma figa...
Wednesday, May 31, 2006
Da heresia
Tuesday, May 30, 2006
Do filme
Monday, May 29, 2006
Do Vexame
Sunday, May 28, 2006
Do artista
Sunday, May 21, 2006
Da Vinci
Thursday, May 18, 2006
De mim e de Martha
que às vezes anda de balanço
sou uma criança insegura
que às vezes usa salto alto
sou uma mulher que balança
sou uma criança que atura"
(Martha Medeiros)
Monday, May 15, 2006
Da Martha
ficam sempre escondidas
as provas da inocência"
(Martha Medeiros)